Por: Rodrigo G. M. Silvestre
Desde o dia 08 de Janeiro o país vive o clima de golpe de Estado. A atmosfera é de comoção e solidariedade em defesa da democracia por um lado. De outro, é de afloração do desejo de retomar o controle político do país pela força.
A mobilização da direita tem um objetivo claro, travestido de defesa do Estado conservador: impedir que o governo Lula obtenha qualquer resultado até os 100 primeiros dias de governo. Essa marca simbólica é importante, porque sinaliza para a sociedade as prioridades do governo, mas principalmente, sua capacidade de articulação e liderança dos diferentes grupos sociais.
A relação do governo Lula com o parlamento já teve sua prova de fogo na aprovação de espaço fiscal para os programas sociais e principais compromissos de campanha. Mas é fundamental lembrar que o congresso apenas autoriza o orçamento para as atividades, o financeiro para pagar as contas precisa vir da arrecadação. Essa por sua vez precisa da recuperação da atividade econômica, emprego formal, comércio internacional etc.
Depender de um judiciário atuando sistematicamente para garantir que o executivo possa operar terá um custo exorbitante para o Presidente Lula, de maneira que se não obtiver resultados até os 100 dias, então haverá espaço para as críticas da direita derrotada e consequentemente combustível para novos atos golpistas.
A composição dos ministérios, especialmente do primeiro e segundo escalão, embora célere, cumpriu a promessa de um governo amplo e plural. Com isso, também significa que será preciso gerenciar uma miríade de interesse muitas vezes antagônicos. Essa tarefa, terá que ser feita em última instância pelo próprio presidente Lula. Ele tem a capacidade singular de articulação e liderança que o país precisa, mas não é capaz de fazer sozinho as atividades para consecução dos projetos de governo.
É preciso formar agora um “exército” de profissionais que ocupem os níveis intermediários do governo federal e possam dar vazão aos dizeres e pensamentos do quadro de notáveis que se formou no primeiro e segundo escalão. Como se pode dizer, muitas vezes não pela falta de “generais” que se concluí bem a missão, mas pela presença de soldados eficientes. Afinal, são eles que irão de fato empunhar as armas e encarar o adversário.
A Batalha dos 100 dias será decisiva, para saber como serão os próximos anos do governo Lula, mas principalmente, como serão as chances do bolsonarismo retornar reavivado em 2028. Toda atenção para os próximos movimentos é fundamental.
Vivemos tempos onde ações parece previsíveis, mas ao mesmo tempo inevitáveis. O anima que se criou no país não parece mais poder ser contido. A não ser que se estabeleça uma agenda de projetos e ações que tenha resultados incontestáveis. Promova a reinclusão social e a ressocialização de uma parcela de milhões de pessoas. Pessoas essas que aparentemente não compactuam com as ações extremistas adotas em 08 de janeiro.
Rodrigo “Corujo” Silvestre: economista, jornalista e comentarista do jornal América Profunda
Crédito do Vídeo: Cristenio
O fortalecimento dos espaços de participação social, a exemplo dos conselhos em todas as esferas de governo, será fundamental nessa agenda de ações.