Por: Marcos A. Brehm
Certa feita, em um país nem tão distante, houve um governo tão prolífico na arte da loucura e da insensatez, mas tão prolífico, que conseguiu até mesmo inaugurar um novo tipo de doido: O doido-de-quartel.
Mas o doido-de-quartel sempre existiu, você poderia argumentar.
Discordo. De fato que a matéria-prima para produção de doidos-de-quartel não é nada rara e a receita é bastante ordinária: pegue uns bons quilos de dissonância cognitiva, amasse bem com fascismo e salpique tudo generosamente com perversidade.
A receita costuma render bastante. O grande problema é o risco de contaminação: caso a mistura se contaminar com qualquer traço de ciência política, direito ou história, vai acabar perdendo toda a receita.
O doido-de-quartel não rasga dinheiro nem come bosta (ao menos não houveram registros até o momento), e não fosse sua indumentária sui generis, poderia se passar facilmente por um idiota ordinário, um tipo ostensivamente encontrado tanto nas ruas quanto na literatura.
O doido-de-quartel se veste de maneira extravagante, geralmente em tons camuflados combinados com amarelo-CBF-vibrante e bandeiras, em maior parte nacionais, mas algumas vezes de outros países, quem sabe mirando na futura internacionalização da ocupação. Estaria chegando o “barracks nuts international”? Só o futuro dirá.
Alguns estudiosos suspeitam que o uso excessivo de cores vibrantes seja associado à tentativa de acasalamento. Embora a maioria da população de doidos-de-quartel consista de indivíduos machos já em andropausa, já foram registrados momentos de coito entre doidos-de-quartel, inclusive em grupos. Mas parece que deu problema.
Os poetas sofrem de esperança. Com o doido-de-quartel é bem parecido, com exceção da parte da poesia: pro doido-de-quartel a esperança é sempre em vencer o inimigo invisível. Na maioria dos caos é o comunismo, mas já houveram registros de outros, a saber: bolivarianismo, artefatos de cor vermelha, priorado de Sião e impotência sexual.
O doido-de-quartel típico apresenta comportamento ritualístico a cada 72h, ocasião na qual os rebanhos de doidos-de-quartel se reúnem para entoar cânticos, patriotismo de ocasião, flatulências e definir os acontecimentos que deverão ocorrer dentro das próximas 72h, num ciclo sem fim.
O fato dos acontecimentos predefinidos nunca ocorrerem não parece influenciar em nada a esperança do doido-de-quartel, que convenhamos, também não é doido por mero acaso. Se especula muito sobre o que aconteceria se as profecias dos doidos-de-quartel se cumprissem, já que não há nenhum registro de ocorrência na literatura. Há quem diga que se curariam, há quem diga que não. Há ainda uma corrente de pesquisadores, bem mais ortodoxa, que afirma que virariam borboletas. Mas nunca saberemos.
Caso você tiver a oportunidade de observar um doido-de-quartel em seu habitat natural, que é em frente a algum quartel aleatório, faça um favor à sociedade e à você mesmo: Mande esse idiota ir tomar no cu, que agora é Lula e o choro é livre.