Por: Wilson Ramos
Exagerado
Uma coitada. Desempregada. Com fome. Sem dinheiro para a conta de água, fez um gato. Furtou água. Tem um filho de 5 anos que ousa precisar de água.
Um cretino diria « quem rouba um tostão, rouba um milhão » e defenderia o encarceramento desta perigosa criminosa para a defesa da sociedade e da harmonia social.
Essa cretinice, no Brasil, é coletiva, institucionalizada.
Um delegado prendeu, um promotor denunciou, um juiz mandou para a penitenciária. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais manteve a prisão: uma delinquente como aquela diarista, com um filho de 5 anos, não pode ficar à solta. O Superior Tribunal de Justiça, com sigla em minúsculas desde o tempo em que foi cúmplice da Lavajato, manteve-se apequenado. O stj manteve a criminosa presa, encarcerada com outras delinquentes (https://www.google.com/amp/s/www.bbc.com/portuguese/brasil-59314206.amp) por ter desacatado o aparato repressivo estaral, por ter cuspido no rosto do policial que a prendeu.
Uma bandida como essa, ladra de água, abusada, se não for severamente reprimida, daqui a pouco vai estar recebendo cheques de 79 mil em sua conta. Começa assim, alguns litros de água aqui, um cheque em sua conta ali e logo vai estar recebendo auxílio moradia apesar de ter imóvel próprio. Tem que punir ou matar? Bandido bom é bandido morto?
Mais de 100 dias presa por furtar o que jamais deveria ser privatizado e por cuspir no guarda. Reincidente. Reincidiu na pobreza, na sede e na ousadia de ter perdido a serenidade ao ser presa.
Essa senhora é muito abusada, uma diarista, uma pobre, uma criminosa, uma mãe, uma miserável, um perigo para a sociedade. Uma exagerada, como eu, que tenho vontade de cuspir na cara de todos os que, direta ou indiretamente, mantiveram essa perigosa delinquente enjaulada pelo grave crime de ser pobre e precisar de água, por mais de 100 dias, em um presídio em Minas Gerais.