Por: Felipe Mongruel
Por volta das 22 horas quando estourou a primeira bomba em frente a Policia Federal-Santa Cândida-Curitiba-Paraná-Brasil, 07 de abril de 2018.
O helicóptero que trazia o presidente Lula para ser preso na capital madrasta do Brasil descia no heliporto do prédio que era separado por militantes apoiadores do partido dos trabalhadores e do maior presidente que este país já teve, e militontos odiosos e burgueses que representavam e caracterizavam, como numa pintura de Caravaggio, a luta de classes tão abertamente, soltando rojões e desfilando em caminhonetes.
Enquanto uns levavam bomba de borracha da polícia, como era o caso meu e da minha mãe, outros se refestelavam ao tintilar de taças de champagne no meio da rua.
Acontece que o povo de luta dos trabalhadores por lá permaneceu, ininterruptamente, por 580 dias, à toda sorte das mudanças climáticas e da virulência da polícia militar do Paraná, se amontoando em quadras de calçadas vizinhas.
Eram mais de 18 cozinhas e mais de 1600 pessoas que fizeram a maior vigília da história do mundo pela libertação de um homem.
Mas como não se pode aprisionar uma ideia, pouco mais de 3 anos se passaram deste fato: O presidente Lula já provou o estelionato jurídico e eleitoral que ele e seu partido sofreram e o país já abriu as portas do inferno para o maior convescote de bandidos controlarem a nação. Mesmo que no meio disso tudo, o bom mocismo dos riquinhos da faria lima que iriam “acabar com a corrupção” tenha se esvaído depois da tentativa improfícua do ex-juiz Sergio Moro ter abandonado a toga e aceitado ser ministro de estado do fascista que nos governa.
O ex-juiz virou rapidamente ex-ministro e foi afugentar sua insignificância trabalhando pros yankees, em Uaxxxinton DC. Os mesmos que quebraram a indústria da construção civil do nosso país pagando portentosas cifras em dólares para o marreco, que vez ou outra, destila seu golpismo nas redes sociais ou em algum programa da rede Globo.
Os perpetuadores do golpe mantém-se cínicos com suas faces madeiradas e oleosas inventando o que de sempre lhes serviu: o acúmulo de capital e o desprezo total e profundo às classes trabalhadoras e à inclusão social.
A especulação trazida pela mídia brasileira, agora, outubro de 2021, é a criação de uma chamada terceira via. Uma terceira via aos nomes de Lula, o maior brasileiro vivo, e do cão vil, raivoso e sabujo, Jair Bolsonaro. Inclusive, colocando o nome do EX juiz ladrão como uma possibilidade (sendo que qualquer rato de banhado sabe que um pulha como este jamais se jogaria na frigideira da democracia, ainda mais disputando no voto, sua popularidade contra o metalúrgico pernambucano filho do ventre do povo).
Mais uma tentativa de limpar com mentiras e sabão o declínio do neoliberalismo na terra do carnaval. Éramos a sexta economia do mundo na época em que Lula foi presidente, hoje somos a décima quarta; saímos do mapa da fome; criamos 18 universidades federais e a medicina chegava até os rincões da bacia amazônica. 3 anos e meio depois, o desemprego atinge níveis na casa de 60 milhões de pessoas, que se amontoam pra comer osso de boi ou carcaça de galinha e o país amarga a dor de 600.000 famílias que morreram pela mais desastrosa ação de um país numa pandemia, tudo isso pela tela do seu celular em constantes confusões mentais e mentiras deslavadas que trataram de chamar de fakenews.
A importante tarefa que a Esquerda brasileira terá de fazer é recolocar uma crítica às suas atuações, deixando esse esquerdismo-liberal que tomou parte dela a coincidir tanto com a direita liberal, essa direita bom-mocista, que veste branco e usa sapatênis.
Continuar nessa toada, tentando dividir o espólio do estado burguês que só usa a bandeira do socialismo pra defender uma suposta virtude de apetites e exige ser tratada como fonte de poder não servirá às chances do povo. Isso é um poder factoide que não identifica e não representa a verdadeira luta. A de classes.
Visitando a obra de Gilberto Felisberto Vasconcellos, FOLCLORE, socialismo no povo, vemos um fio-condutor entre a aproximação da população brasileira profunda, aquela afastada da metrópole e que permanece em constante vigília com seus símbolos identificadores, quais sejam as crendices, a superstição e o valor do uso das suas afinidades e características culturais da população tradicional com a possível revolução brasileira.
“…A religião está conectada a superstição, mas não é a religião a origem da crendice supersticiosa. O que confere unidade ao povo é a superstição.” Pag.10. Os aparelhos ideológicos do Estado não eliminam o cotidiano supersticioso.
Entenda-se por revolução brasileira a revolução socialista, popular e soberana, com bem-estar para o povo e autonomia para a nação. Essas duas coisas são inseparáveis: emancipação popular e soberania nacional. A revolução está por vir, mas pode ser que não chegue enquanto não nos posicionarmos de maneira permanente com as bases sociais, com uma comunicação universal entre os milhões de trabalhadores, melhor dizendo, de batalhadores do país que se unem ou se unirão por emancipação social.
Com a absoluta certeza lógica, a única saída para um estado de escassez como é o Brasil é caminhar para um poder real do povo. Socialista. E o poder real emana da participação popular com todos os instrumentos adjuntos ao estado em sua permanência e sua identificação com o Brasil profundo. Um estado integral, como já citado neste jornal na edição 0, no texto de Julia Lombardi Mayan.
É com a experiência da cultura popular que se prepondera o valor de uso sobre as coisas não o valor de troca do capitalismo. Desta maneira enfrentaremos suas correntes e com essa percepção desafiaremos o imperialismo.
Qual o valor de troca do bumba meu boi? E do saci-pererê? E do lobisomen? Tudo isso pode ser vendável no turismo, mas como critério popular não é componente econômico.
“Time is Money, mas dinheiro não é tempo” como já citava Câmara Cascudo, poeta potiguar. Se pudessem, os capitalistas fariam com que nós trabalhássemos até durante o sono. Aboliriam o sono o que ocasionaria abolir os sonhos. Portanto, o trabalhador dormindo seria um empecilho pro capital. Logo, o trabalho é a morte. O sonho, a vida.
E o folclore nada mais é que o lúdico, que a brincadeira, que o sonhar acordado. A vida com seus mistérios, desafios e oportunidades.
Nós queremos a volta da dignidade através de um estado forte governado por gente comprometida com os anseios do povo e com soberania da nação. Mesmo que para alcançá-las tenhamos de entregar nossas vidas à resistência ao poder mesquinho e acumulador da elite tacanha e lacaia dessa nação
É pela cultura popular dessa brava gente e pela oportunidade de exercermos aquilo que somos, forjados e construídos no caráter de cidadãos latino-americanos descolonizados, livres e despertos que este jornal existe e soma-se à voz da Esquerda.
Excelente texto mermão Magal. Parabéns.
Obrigado professor, abraço.
Parabéns, Mongruel, pelo empenho na produção do jornal. Toda iniciativa fortalece nossa liberdade e nossas lutas. Abraço fraternal. Saudações.
Valeu CLaudio. Abraços e vamos à Luta!